A História de Deus (The Story of God) E01 "Além da Morte"
Morgan
Freeman ─
Viajei pelo mundo para saber como gentes de fé diferentes imaginam a vida após
a morte.Mas regressei a Nova Iorque para explorar algo novo, como a ciência
começa a estudar a vida após a morte. Encontrei-me em Central Park com o médico
de cuidados intensivos, Dr. Sam Parnia.
─ Sei que investigou
muito este ramo. Estudou mais de cem sobreviventes de paragens cardíacas,
pessoas que, tecnicamente, morreram e ressuscitaram. Algumas voltaram com
experiências profundas.
Sam Parnia ─ Sabemos que, durante milhares de anos, quem esteve perto da morte teve
experiências muito profundas e, de certo modo, místicas. Sentem uma paz enorme,
conforto e alegria, quando veem a morte. Podem descrever uma sensação de
encontrar parentes falecidos, amigos ou até desconhecidos, mas que lhes dão as
boas vindas. Penso que começamos a compreender que temos uma experiência
universal da morte que a maioria conhecerá quando morrer.
Morgan
Freeman ─
Uma das coisas que menciona, e que considero muitíssimo fascinante, é a ideia
de que, mesmo sem que haja atividade cerebral, as pessoas regressam e relatam
essas experiências. É possível explicar isso?
Sam Parnia ─ É importante compreender que, quando uma pessoa morre, quando se torna
um cadáver, é apenas nessa altura que as células do corpo iniciam o processo da
morte, que pode demorar horas ou dias. Na verdade, há uma janela de
oportunidade em que podemos reanimá-las. As experiências que têm permitem-nos
saber o que acontece quando morremos.
Morgan
Freeman ─
Em quase todas as crenças religiosas morremos, mas apenas fisicamente. A nossa
essência, a nossa alma, perdura. Há alguma base científica para a ideia da
alma?
Sam Parnia ─ Actualmente, a ciência chama consciência à alma. Podemos testar essa
teoria cientificamente, para ver se a consciência continua ou se termina. Os
indícios que temos mostram que, quando uma pessoa morre, a parte que nos
define, a psique, a alma, a mente, a consciência, como lhe queira chamar eu,
não é aniquilada, não desaparece. Continua, pelo menos no período inicial da
morte. (…)