terça-feira, 10 de junho de 2014

EXPERIÊNCIAS DE QUASE-MORTE por Manuel Domingos

1ª Edição Nov. 2008


“Dezenas de portugueses penetraram no “outro lado da vida” e narraram aos autores deste livro as suas impressionantes experiências de Quase-Morte. Vivências transformadoras que nos suscitam a reflexão sobre o verdadeiro sentido da vida e a grande pergunta: Que “portas” abrirá a morte à nossa consciência? Uma coisa é certa: Em termos científicos, já não se pode afirmar que a mente e a consciência dependem do cérebro e do corpo físico para permanecerem vivas e em pleno funcionamento.”

“O cérebro recebe a consciência, mas não a produz.” Pim Van Lommel (Cardiologista holandês, cientista de referência no estudo das EQMs e que participa neste livro.)


ÍNDICE

Os AUTORES 9
PREFÁCIO, por Mário Simões 11
PRÓLOGO 15

Iª PARTE − TESTEMUNHOS 19

NOTA INTRODUTÓRIA 21
“Flutuava pela sala de operações”    31
“Há uma dúvida” 35
O homem que visitou o Céu 39
Uma vida, três experiências 41
“Um outro eu a sair de mim”             47
“É um estar de tranquilidade” 50
O Inferno e o Paraíso 57
“Vi coisas maravilhosas” 64
“Nunca vivi uma coisa igual”             66
A luz do caminho 67
“É aqui a minha missão” 70
Um túnel branco 73
A alegria de voltar a casa 76
O filme da vida 80
Cruzamentos de luz   85
“Não sei se foi um sonho” 89
“A minha mãe pôs-me no mundo duas vezes” 90
“Vi-me a mim mesmo” 93
As EQMs EM PESSOAS CEGAS 97
TESTEMUNHO DE UM MÉDICO 104
EQMs DE PERSONALIDADES 107
EMQs DE PERSONALIDADES DE HOLLYWOOD 108
Donald Sutherland 108
Elizabeth Taylor I09
Jane Seymour 111
Larry Hagman 113
Peter Sellers 114
Robert Pastorelli 115
Sharon Stone 117
EQMs DE PERSONALIDADES PORTUGUESAS 119
José Cardoso Pires 119
Adalberto Alves 129
Dalila Lello Pereira da Costa 133
Fernando Dacosta 134
Isabel Wolmar 141
Margarida Rebelo Pinto 150
Maya 159

IIª PARTE − CIÊNCIA 163

A TEORIA DAS EXPERIÊNCIAS DE QUASE-MORTE, por Manuel Domingos 165
CIENTIFICISMO E RELIGIÃO DOGMÁTICOS, por Charles T. Tart 198
SOBRE A CONTINUIDADE DA NOSSA CONSCIÊNCIA, por Pim van Lommel 201
ENTREVISTA A PIM VAN LOMMEL, por Paulo Alexandre Loução 233
ENTRE A CIÊNCIA E A TRADIÇÃO 239

IIIª PARTE − TRADIÇÃO 271

A SABEDORIA VIVA DAS ANTIGAS CULTURAS E AS EXPERIÊNCIAS DE QUASE-MORTE, por Paulo Alexandre Loução 273
O MITO DE ER de Platão 303
O SONHO DE CIPIÃO de Cícero 314

ANEXO 329

EXPERIÊNCIAS DE QUASE-MORTE EM SOBREVIVENTES DE PARAGEM CARDÍACA: UM ESTUDO PROSPECTIVO NA HOLANDA, por Pim van Lommel 331
CRÉDITOS FOTOGRÁFICOS 351

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PREFÁCIO

Por Mário Simões

(Professor Agregado de Psiquiatria e de Ciências da Consciência da Faculdade de Medicina de Lisboa)


 Recordo-me da primeira vez que ouvi falar das Experiências de Quase-Morte (EQM). Encontrava-me em Cambridge, no ano de 1992, numa conferência do Scientific and Medical Network. Peter Fenwick (neuropsiquiatra e neurofisiologista) apresentava os seus estudos sobre as EQM. Fiquei impressionado pela quantidade de dados que atestavam vários aspectos e que o decorrer do tempo só veio sedimentar: 1. Que o cérebro humano não funciona durante uma paragem cardíaca 2. Que a mente e a consciência podem continuar a funcionar durante aquele período 3. Que independentemente da etnia, local geográfico, dados epidemiológicos, idade, sexo ou época temporal as descrições de EQM, eram, na sua essência, sempre as mesmas. Nessa sequência, interessei-me pelo tema e não só vim a publicar um artigo de revisão sobre o tema como comecei a recolher casos que surgiam na minha consulta, participei em mesas redondas (uma delas, televisiva, com Cardoso Pires) e entusiasmado com as possibilidades da hipnose clínica, idealizei uma workshop sob hipnose, em que seria possível “vivenciar a sua morte”, melhor, uma EQM. Nestas vivências, em estado modificado de consciência, a realidade é a decorrente do estado e os sujeitos sentiram a realidade da EQM de tal modo que muitos se sentiram “zangados por os trazer de volta”, tal era o bem-estar que experienciaram.

 Parece, pois, que explicações remetendo apenas para explicações reducionistas das EQM, como sendo o resultado de alterações físicas e químicas do cérebro, não é suficiente, a menos que se admita que a auto-sugestão (a hipnose é auto-hipnose) é susceptível de promover aquelas alterações. Na realidade, alpinistas, que caindo de grande altura, na neve, pensaram que iam morrer, também relataram EQM. O problema torna-se mais complexo tendo em conta os dados acima referidos. Estaremos então a lidar com um fenómeno da consciência e esta seria uma instância subtil, independente no todo ou em parte do cérebro? Poderá tratar-se de um programa com o qual nascemos, que é “disparado” sempre que nos encontremos numa situação de quase morte real ou imaginada? Seria um “engrama” para nos recordar a “origem divina” da nossa essência, como muitas pessoas referem e os adeptos das teorias transcendentais tanto defendem?

 Uma tese de mestrado elaborada e publicada em Portugal, por Maria de Fátima Dias demonstrou a existência de “experiências subjectivas em coma”, que na sua maioria foram desagradáveis, tal como acontece em algumas EQM, provavelmente por se tratar de pacientes de traumatismos vários numa unidade de cuidados intensivos. Para acrescentar à complexidade do fenómeno refira-se que indivíduos cegos também relataram EQMs. Certo também, é que a maioria dos que experienciaram uma EQM mudaram a sua atitude geral na vida, com maior respeito pela vida em geral, com maior compaixão, como se tivessem sido “iniciados” num conhecimento teleológico, que os remete para o “amor divino incondicional”, que referem. Diga-se que enfrentar a morte, qualquer que seja a situação, não induz automaticamente uma EQM e as consequentes mudanças apontadas, e a investigação mostra que nem todos os que sofreram um ataque cardíaco mudam as suas atitudes na vida. Um outro aspecto interessante é o das revisões panorâmicas de vida, nas quais o indivíduo percebe, num auto julgamento, que todo o sofrimento que infligiu a animais ou outras pessoas é experienciado como seu.

 Um livro relativamente recente traz mais um contributo para este tema: DMT, The Spirit Molecule, de Rick Strassman. A Dimetil triptamina, um dos mais potentes psicadélicos derivados de uma planta, é também produzida pelo cérebro, mais precisamente pela glândula pineal. A injecção deste químico produz consistentemente EQMs, experiências místicas e, inesperadamente, encontros de 3° grau com alienígenas. Esta última situação é, curiosamente, referida por Isabel Wolmar na sua EQM. Terá a sua produção, pela pineal, em determinadas circunstâncias, os mesmos resultados? Já os hindus consideravam a pineal como o local do 7° chacra e Descartes como sendo o “sítio” da alma. Parece, pois, no estado actual da ciência e sem envolver uma explicação causal definitiva, que existem correlatos entre os estados vivenciais e psicofisiologias específicas.

 Encontramo-nos num ponto em que podemos concluir que nenhuma das teorias actuais, organicistas, psicológicas ou transcendentais, por si só, explica as EQM. Os autores deste livro dão um contributo corajoso, atendendo aos interesses científicos actuais, para o conhecimento de uma vivência que apetece desejar que seja mais frequente na Humanidade. 

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PRÓLOGO

Por Paulo Alexandre Loução (Historiador e filósofo)

 A ideia deste livro perseguia-nos há anos. Surgiu no ano de 1991 com a leitura no Figaro Magazine de um interessante artigo da jornalista Véronique Grousset sobre as novas fronteiras da ciência, o qual abordava as experiências de quase-morte como um facto que colocava em causa o paradigma vigente de que a consciência humana dependia do cérebro. Já tínhamos lido o livro de Raymond Moody, mas o texto do Figaro Magazine despertou em nós a perspectiva de abordagem para um tema que pode dar um grande contributo ao avanço da ciência no sentido de se abrir a novas realidades preservando o seu método, uma das grandes conquistas da Humanidade. O artigo de Véronique Grousset tinha sido escrito no contexto do colóquio internacional “Ciência para o Amanhã: um outro olhar sobre o Homem e o Mundo”, que decorreu na Sorbonne, em Paris, no mês de Fevereiro daquele ano. Vale a pena citar em excerto: “O pensamento não se reduz às moléculas. Não se pode localizá-lo no cérebro, e nada indica que seja produzido pelos neurónios. Sem dúvida, muito perturbador também, é o facto de 10% das vítimas de Experiências de Quase-Morte, reconduzidas à vida após a paragem do cérebro, afirmarem terem tido "percepções" (visuais, inteligentes ou auditivas; aliás, quase sempre idênticas) que sugerem que a consciência pode funcionar sem o cérebro, privada de todo o suporte molecular.”

 Resumindo: as "informações biológicas" parecem poder circular não só graças às moléculas, mas também entre elas, sobre um 'suporte' do qual nada se sabe. É, pois, importante pretender conhecer o 'todo' (quer dizer o ser humano) visto que se ignora a composição da soma das suas partes (…).”

 É essa demanda pelo conhecimento abrangente da Vida e do Ser Humano que nos anima, uma procura que, a nosso ver, terá, necessariamente, que ser transdisciplinar, científica e filosófica. Como o nosso trabalho de pesquisa se centra acima de tudo nas áreas da filosofia, história, matemática sagrada e antropologia do imaginário, considerámos que seria essencial escrever um livro desta índole em cooperação com um especialista idóneo na área da medicina, para que não resultassem dúvidas nem amadorismos nos enfoques sobre a relação entre cérebro, mente e consciência, que sempre considerámos entidades distintas.

 Foi no lançamento da nossa obra Lugares Mágicos de Portugal e Espanha que tivemos o prazer de conhecer o Prof. Dr. Manuel Domingos, e logo desde o primeiro minuto mostrou entusiasmo em participar neste projecto. O Prof. Doutor Joaquim Fernandes já me tinha falado dos estudos do neuropsicólogo Manuel Domingos sobre as EQMs, considerando-o em Portugal o investigador que mais casos tinha estudado. Na verdade, nas últimas décadas conheceu directamente no âmbito da sua profissão várias dezenas de casos, suficientes para formular a sua perspectiva. Tal como para Pim van Lommel, era (e continua a ser) para ele claro que não há uma explicação exclusivamente física para o fenómeno das EQMs.

 Fizemos o plano do livro. Uma primeira parte com testemunhos tanto de pessoas anónimas como de personalidades, estrangeiras e portuguesas. Uma segunda parte com textos científicos. E uma terceira parte que transmitisse uma síntese da visão das culturas antigas sobre o tema da morte e dos estados modificados de consciência.

 Convidámos a Dra. Patrícia Costa Dias, jornalista, para coordenar a primeira parte. Com a supervisão científica do Prof. Manuel Domingos e todo o seu profissionalismo recolheu 24 testemunhos em poucos meses. Nós próprios assistimos a algumas entrevistas e verificámos o quão importante e transformadoras são estas experiências para grande parte das pessoas. Era algo real, objectivo, e não produto da fantasia ou alucinação, precisamente como o próprio Carl Gustav Jung descreve a sua EQM, “algo totalmente objectivo” (ver pág.295).

 Na segunda parte, dedicada aos textos de índole científica, para além do artigo do Prof. Manuel Domingos, que coordenou esta secção, tivemos o privilégio de entrevistar Pim van Lommel, um cardiologista e cientista, que realizou um magnífico estudo prospectivo na Holanda, cuja síntese foi publicada  na Lancet, prestigiada revista de Medicina, e que reproduzimos em anexo. Também publicamos outro interessante artigo deste médico holandês e uma conversa entre nós e Manuel Domingos intitulada “Entre a Ciência e a Tradição”.

 Na terceira parte, publicamos um artigo nosso sobre a sabedoria viva das antigas culturas e as EQMs, e dois textos clássicos de referência sobre o tema, “O Mito de Er” de Platão e “O Sonho de Cipião” de Cícero. Agradecemos desde já as traduções directas para português do grego e do latim da autoria da Dra. Helena Gouveia e do Prof. Doutor Ricardo da Costa.

 Estamos convictos que com estas três partes, que se intercomunicam entre si, divulgamos junto do público português a realidade efectiva das EQMs, a qual nos propõe a reflexão sobre a possível realidade de um “outro lado da vida” e a possível continuação da existência da mente e da consciência depois da morte do corpo físico.

 De algum modo, fomos formatados na existência do tabu sobre o tema da morte. É o momento da ciência e da filosofia olharem novamente, sem preconceitos, para esse fenómeno não escamoteável da vida humana. Talvez nessa demanda possamos encontrar pistas para reencontrar finalidades mais duradouras e consistentes de que as propostas de efémero e de superficialidade da actual sociedade de consumo.     

 Este foi um trabalho colectivo, pelo que são muitos os agradecimentos a fazer. Ao Dr. Pim van Lommel pela sua simpatia e abertura em participar no nosso projecto; ao Professor Doutor Nuno Grande, pelo seu testemunho enquanto médico; à Dra. Margarida Casimiro, vice-presidente da ALUBRAT (Associação Luso-Brasileira de Psicologia Transpessoal) que colaborou desde o início, e ao Prof. Doutor Vítor Rodrigues, presidente da ALUBRAT, que proporcionou o lançamento oficial deste livro integrado no congresso científico daquela associação em Évora, em Novembro de 2008. Agradecemos muito à Dra. Carla Cavaleiro, doutoranda em neuropsicologia, pela sua generosidade em realizar as entrevistas na região de Coimbra e à Dra. Teresa Beirão, Dra. Maria do Sameiro Barroso, Dra. Paula Aguiar e D. Lurdes Feio, no apoio que deram para encontrarmos testemunhos. Neste contexto, um forte abraço amigo à actriz Paula Luiz e à Dra. Sandra Neves da Silva.

 Agradecemos a todas as personalidades portuguesas que tiveram a coragem e a generosidade de prestar o seu testemunho, ao nosso querido amigo, poeta, ensaísta e arabista, Adalberto Alves, à querida sibila da cultura portuguesa, como lhe chamamos, a escritora Dalila Lello Pereira da Costa, ao escritor e jornalista Fernando Dacosta, à histórica profissional da RTP Isabel Wolmar, à escritora Margarida Rebelo Pinto, e à apresentadora de televisão Maya.

 Agradecemos do fundo do coração a todos os outros relatos, absolutamente imprescindíveis, para que este projecto pudesse ser concretizado. Não podemos deixar de enviar de enviar uma saudação muito especial à D. Maria Manuela Jesus da Silva que também nos deu o seu testemunho e nos recordou o saudoso general Mário Jesus da Silva, autor da obra O Sortilégio da Cobra e verdadeiro aristocrata de coração.

 Obviamente, também agradecemos a colaboração do Prof. Doutor Mário Simões, também um pioneiro no estudo das EQMs em Portugal, que muito nos honrou com o seu prefácio. 

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Este livro pode actualmente ser adquirido na FNAC Online em http://www.fnac.pt/Experiencias-de-Quase-Morte-Manuel-Domingos/a239328


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