1ª Edição Nov. 2008
“Dezenas de portugueses
penetraram no “outro lado da vida” e narraram aos autores deste livro as suas
impressionantes experiências de Quase-Morte. Vivências transformadoras que nos
suscitam a reflexão sobre o verdadeiro sentido da vida e a grande pergunta: Que
“portas” abrirá a morte à nossa consciência? Uma coisa é certa: Em termos
científicos, já não se pode afirmar que a mente e a consciência dependem do
cérebro e do corpo físico para permanecerem vivas e em pleno funcionamento.”
“O cérebro recebe a consciência,
mas não a produz.” Pim Van Lommel (Cardiologista holandês, cientista de
referência no estudo das EQMs e que participa neste livro.)
ÍNDICE
Os AUTORES 9
PREFÁCIO, por Mário Simões 11
PRÓLOGO 15
Iª PARTE − TESTEMUNHOS 19
NOTA INTRODUTÓRIA 21
“Flutuava pela sala de operações” 31
“Há uma dúvida” 35
O homem que visitou o Céu 39
Uma vida, três experiências 41
“Um outro eu a sair de mim” 47
“É um estar de tranquilidade” 50
O Inferno e o Paraíso 57
“Vi coisas maravilhosas” 64
“Nunca vivi uma coisa igual” 66
A luz do caminho 67
“É aqui a minha missão” 70
Um túnel branco 73
A alegria de voltar a casa 76
O filme da vida 80
Cruzamentos de luz 85
“Não sei se foi um sonho” 89
“A minha mãe pôs-me no mundo duas
vezes” 90
“Vi-me a mim mesmo” 93
As EQMs EM PESSOAS CEGAS 97
TESTEMUNHO DE UM MÉDICO 104
EQMs DE PERSONALIDADES 107
EMQs DE PERSONALIDADES DE HOLLYWOOD 108
Donald
Sutherland 108
Elizabeth
Taylor I09
Jane Seymour
111
Larry Hagman
113
Peter Sellers 114
Robert
Pastorelli 115
Sharon Stone 117
EQMs DE PERSONALIDADES PORTUGUESAS 119
José Cardoso Pires 119
Adalberto Alves 129
Dalila Lello Pereira da Costa 133
Fernando Dacosta 134
Isabel Wolmar 141
Margarida Rebelo Pinto 150
Maya 159
IIª PARTE − CIÊNCIA 163
A TEORIA DAS EXPERIÊNCIAS DE QUASE-MORTE,
por Manuel Domingos 165
CIENTIFICISMO E RELIGIÃO DOGMÁTICOS,
por Charles T. Tart 198
SOBRE A CONTINUIDADE DA NOSSA
CONSCIÊNCIA, por Pim van Lommel 201
ENTREVISTA A PIM VAN LOMMEL, por Paulo
Alexandre Loução 233
ENTRE A CIÊNCIA E A TRADIÇÃO 239
IIIª PARTE − TRADIÇÃO 271
A SABEDORIA VIVA DAS ANTIGAS CULTURAS
E AS EXPERIÊNCIAS DE QUASE-MORTE, por Paulo Alexandre Loução 273
O MITO DE ER de Platão 303
O SONHO DE CIPIÃO de Cícero 314
ANEXO 329
EXPERIÊNCIAS DE QUASE-MORTE EM SOBREVIVENTES
DE PARAGEM CARDÍACA: UM ESTUDO PROSPECTIVO NA HOLANDA, por Pim van Lommel 331
CRÉDITOS FOTOGRÁFICOS 351
.......................
PREFÁCIO
Por Mário Simões
(Professor Agregado de Psiquiatria e de Ciências da Consciência da
Faculdade de Medicina de Lisboa)
Recordo-me da primeira vez que ouvi falar das
Experiências de Quase-Morte (EQM). Encontrava-me em Cambridge, no ano de 1992,
numa conferência do Scientific and Medical Network. Peter Fenwick
(neuropsiquiatra e neurofisiologista) apresentava os seus estudos sobre as EQM.
Fiquei impressionado pela quantidade de dados que atestavam vários aspectos e
que o decorrer do tempo só veio sedimentar: 1. Que o cérebro humano não funciona
durante uma paragem cardíaca 2. Que a mente e a consciência podem continuar a
funcionar durante aquele período 3. Que independentemente da etnia, local
geográfico, dados epidemiológicos, idade, sexo ou época temporal as descrições
de EQM, eram, na sua essência, sempre as mesmas. Nessa sequência, interessei-me
pelo tema e não só vim a publicar um artigo de revisão sobre o tema como
comecei a recolher casos que surgiam na minha consulta, participei em mesas
redondas (uma delas, televisiva, com Cardoso Pires) e entusiasmado com as
possibilidades da hipnose clínica, idealizei uma workshop sob hipnose, em que
seria possível “vivenciar a sua morte”, melhor, uma EQM. Nestas vivências, em
estado modificado de consciência, a realidade é a decorrente do estado e os
sujeitos sentiram a realidade da EQM de tal modo que muitos se sentiram “zangados
por os trazer de volta”, tal era o bem-estar que experienciaram.
Parece, pois, que explicações remetendo apenas para
explicações reducionistas das EQM, como sendo o resultado de alterações físicas
e químicas do cérebro, não é suficiente, a menos que se admita que a
auto-sugestão (a hipnose é auto-hipnose) é susceptível de promover aquelas
alterações. Na realidade, alpinistas, que caindo de grande altura, na neve,
pensaram que iam morrer, também relataram EQM. O problema torna-se mais
complexo tendo em conta os dados acima referidos. Estaremos então a lidar com
um fenómeno da consciência e esta seria uma instância subtil, independente no
todo ou em parte do cérebro? Poderá tratar-se de um programa com o qual nascemos,
que é “disparado” sempre que nos encontremos numa situação de quase morte real
ou imaginada? Seria um “engrama” para nos recordar a “origem divina” da nossa
essência, como muitas pessoas referem e os adeptos das teorias transcendentais
tanto defendem?
Uma tese de mestrado elaborada e publicada em
Portugal, por Maria de Fátima Dias demonstrou a existência de “experiências
subjectivas em coma”, que na sua maioria foram desagradáveis, tal como acontece
em algumas EQM, provavelmente por se tratar de pacientes de traumatismos vários
numa unidade de cuidados intensivos. Para acrescentar à complexidade do fenómeno
refira-se que indivíduos cegos também relataram EQMs. Certo também, é que a
maioria dos que experienciaram uma EQM mudaram a sua atitude geral na vida, com
maior respeito pela vida em geral, com maior compaixão, como se tivessem sido “iniciados”
num conhecimento teleológico, que os remete para o “amor divino incondicional”,
que referem. Diga-se que enfrentar a morte, qualquer que seja a situação, não
induz automaticamente uma EQM e as consequentes mudanças apontadas, e a
investigação mostra que nem todos os que sofreram um ataque cardíaco mudam as
suas atitudes na vida. Um outro aspecto interessante é o das revisões panorâmicas
de vida, nas quais o indivíduo percebe, num auto julgamento, que todo o
sofrimento que infligiu a animais ou outras pessoas é experienciado como seu.
Um livro relativamente recente traz mais um
contributo para este tema: DMT, The
Spirit Molecule, de Rick Strassman. A Dimetil triptamina, um dos mais
potentes psicadélicos derivados de uma planta, é também produzida pelo cérebro,
mais precisamente pela glândula pineal. A injecção deste químico produz consistentemente
EQMs, experiências místicas e, inesperadamente, encontros de 3° grau com
alienígenas. Esta última situação é, curiosamente, referida por Isabel Wolmar
na sua EQM. Terá a sua produção, pela pineal, em determinadas circunstâncias,
os mesmos resultados? Já os hindus consideravam a pineal como o local do 7°
chacra e Descartes como sendo o “sítio” da alma. Parece, pois, no estado actual
da ciência e sem envolver uma explicação causal definitiva, que existem correlatos entre os estados vivenciais e
psicofisiologias específicas.
Encontramo-nos num ponto em que podemos concluir
que nenhuma das teorias actuais, organicistas, psicológicas ou transcendentais,
por si só, explica as EQM. Os autores deste livro dão um contributo corajoso,
atendendo aos interesses científicos actuais, para o conhecimento de uma
vivência que apetece desejar que seja mais frequente na Humanidade.
..........................
PRÓLOGO
Por
Paulo Alexandre Loução (Historiador e filósofo)
A
ideia deste livro perseguia-nos há anos. Surgiu no ano de 1991 com a leitura no
Figaro Magazine de um interessante artigo da jornalista Véronique Grousset
sobre as novas fronteiras da ciência, o qual abordava as experiências de
quase-morte como um facto que colocava em causa o paradigma vigente de que a
consciência humana dependia do cérebro. Já tínhamos lido o livro de Raymond
Moody, mas o texto do Figaro Magazine despertou em nós a perspectiva de
abordagem para um tema que pode dar um grande contributo ao avanço da ciência
no sentido de se abrir a novas realidades preservando o seu método, uma das
grandes conquistas da Humanidade. O artigo de Véronique Grousset tinha sido
escrito no contexto do colóquio internacional “Ciência para o Amanhã: um outro
olhar sobre o Homem e o Mundo”, que decorreu na Sorbonne, em Paris, no mês de
Fevereiro daquele ano. Vale a pena citar em excerto: “O pensamento não se reduz
às moléculas. Não se pode localizá-lo no cérebro, e nada indica que seja
produzido pelos neurónios. Sem dúvida, muito perturbador também, é o facto de 10%
das vítimas de Experiências de Quase-Morte, reconduzidas à vida após a paragem
do cérebro, afirmarem terem tido "percepções" (visuais, inteligentes
ou auditivas; aliás, quase sempre idênticas) que sugerem que a consciência pode
funcionar sem o cérebro, privada de todo o suporte molecular.”
Resumindo:
as "informações biológicas" parecem poder circular não só graças às
moléculas, mas também entre elas,
sobre um 'suporte' do qual nada se sabe. É, pois, importante pretender conhecer
o 'todo' (quer dizer o ser humano) visto que se ignora a composição da soma das
suas partes (…).”
É
essa demanda pelo conhecimento abrangente da Vida e do Ser Humano que nos
anima, uma procura que, a nosso ver, terá, necessariamente, que ser
transdisciplinar, científica e filosófica. Como o nosso trabalho de pesquisa se
centra acima de tudo nas áreas da filosofia, história, matemática sagrada e
antropologia do imaginário, considerámos que seria essencial escrever um livro
desta índole em cooperação com um especialista idóneo na área da medicina, para
que não resultassem dúvidas nem amadorismos nos enfoques sobre a relação entre
cérebro, mente e consciência, que sempre considerámos entidades distintas.
Foi
no lançamento da nossa obra Lugares
Mágicos de Portugal e Espanha que tivemos o prazer de conhecer o Prof. Dr.
Manuel Domingos, e logo desde o primeiro minuto mostrou entusiasmo em
participar neste projecto. O Prof. Doutor Joaquim Fernandes já me tinha falado
dos estudos do neuropsicólogo Manuel Domingos sobre as EQMs, considerando-o em
Portugal o investigador que mais casos tinha estudado. Na verdade, nas últimas
décadas conheceu directamente no âmbito da sua profissão várias dezenas de
casos, suficientes para formular a sua perspectiva. Tal como para Pim van
Lommel, era (e continua a ser) para ele claro que não há uma explicação exclusivamente
física para o fenómeno das EQMs.
Fizemos
o plano do livro. Uma primeira parte com testemunhos tanto de pessoas anónimas como
de personalidades, estrangeiras e portuguesas. Uma segunda parte com textos
científicos. E uma terceira parte que transmitisse uma síntese da visão das
culturas antigas sobre o tema da morte e dos estados modificados de
consciência.
Convidámos
a Dra. Patrícia Costa Dias, jornalista, para coordenar a primeira parte. Com a
supervisão científica do Prof. Manuel Domingos e todo o seu profissionalismo
recolheu 24 testemunhos em poucos meses. Nós próprios assistimos a algumas
entrevistas e verificámos o quão importante e transformadoras são estas
experiências para grande parte das pessoas. Era algo real, objectivo, e não
produto da fantasia ou alucinação, precisamente como o próprio Carl Gustav Jung
descreve a sua EQM, “algo totalmente objectivo” (ver
pág.295).
Na
segunda parte, dedicada aos textos de índole científica, para além do artigo do
Prof. Manuel Domingos, que coordenou esta secção, tivemos o privilégio de
entrevistar Pim van Lommel, um cardiologista e cientista, que realizou um
magnífico estudo prospectivo na Holanda, cuja síntese foi publicada na Lancet,
prestigiada revista de Medicina, e que reproduzimos em anexo. Também publicamos
outro interessante artigo deste médico holandês e uma conversa entre nós e
Manuel Domingos intitulada “Entre a Ciência e a Tradição”.
Na
terceira parte, publicamos um artigo nosso sobre a sabedoria viva das antigas
culturas e as EQMs, e dois textos clássicos de referência sobre o tema, “O Mito
de Er” de Platão e “O Sonho de Cipião” de Cícero. Agradecemos desde já as
traduções directas para português do grego e do latim da autoria da Dra. Helena
Gouveia e do Prof. Doutor Ricardo da Costa.
Estamos
convictos que com estas três partes, que se intercomunicam entre si, divulgamos
junto do público português a realidade efectiva das EQMs, a qual nos propõe a
reflexão sobre a possível realidade de um “outro lado da vida” e a possível continuação
da existência da mente e da consciência depois da morte do corpo físico.
De
algum modo, fomos formatados na existência do tabu sobre o tema da morte. É o momento
da ciência e da filosofia olharem novamente, sem preconceitos, para esse
fenómeno não escamoteável da vida humana. Talvez nessa demanda possamos encontrar
pistas para reencontrar finalidades mais duradouras e consistentes de que as
propostas de efémero e de superficialidade da actual sociedade de consumo.
Este
foi um trabalho colectivo, pelo que são muitos os agradecimentos a fazer. Ao
Dr. Pim van Lommel pela sua simpatia e abertura em participar no nosso
projecto; ao Professor Doutor Nuno Grande, pelo seu testemunho enquanto médico;
à Dra. Margarida Casimiro, vice-presidente da ALUBRAT (Associação
Luso-Brasileira de Psicologia Transpessoal) que colaborou desde o início, e ao
Prof. Doutor Vítor Rodrigues, presidente da ALUBRAT, que proporcionou o
lançamento oficial deste livro integrado no congresso científico daquela
associação em Évora, em Novembro de 2008. Agradecemos muito à Dra. Carla
Cavaleiro, doutoranda em neuropsicologia, pela sua generosidade em realizar as
entrevistas na região de Coimbra e à Dra. Teresa Beirão, Dra. Maria do Sameiro
Barroso, Dra. Paula Aguiar e D. Lurdes Feio, no apoio que deram para
encontrarmos testemunhos. Neste contexto, um forte abraço amigo à actriz Paula
Luiz e à Dra. Sandra Neves da Silva.
Agradecemos
a todas as personalidades portuguesas que tiveram a coragem e a generosidade de
prestar o seu testemunho, ao nosso querido amigo, poeta, ensaísta e arabista,
Adalberto Alves, à querida sibila da cultura portuguesa, como lhe chamamos, a
escritora Dalila Lello Pereira da Costa, ao escritor e jornalista Fernando
Dacosta, à histórica profissional da RTP Isabel Wolmar, à escritora Margarida
Rebelo Pinto, e à apresentadora de televisão Maya.
Agradecemos do fundo do coração a todos os
outros relatos, absolutamente imprescindíveis, para que este projecto pudesse
ser concretizado. Não podemos deixar de enviar de enviar uma saudação muito
especial à D. Maria Manuela Jesus da Silva que também nos deu o seu testemunho
e nos recordou o saudoso general Mário Jesus da Silva, autor da obra O Sortilégio da Cobra e verdadeiro
aristocrata de coração.
Obviamente,
também agradecemos a colaboração do Prof. Doutor Mário Simões, também um
pioneiro no estudo das EQMs em Portugal, que muito nos honrou com o seu
prefácio.
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