domingo, 2 de novembro de 2014

IR AO OUTRO MUNDO E VOLTAR


No novo livro de José Rodrigues dos Santos procura-se uma explicação científica para as experiências de quase-morte. Na vida real, a intriga permanece, com relatos coincidentes: luz ao fundo do túnel, bem estar, leveza. A presença de Deus ou uma reacção fisiológica?





Nas fotos do álbum cuidadosamente legendado, Sandra Caroço, 46 anos, aparece sorridente e luminosa, deitada na maca, ligada ao soro. Ninguém diria que, momentos antes, a técnica de dermopigmentação tinha estado às portas da morte. No último dia de férias na Baía, Brasil, Sandra enfrentou uma pratada de caranguejo, mais os devidos molhos e acompanhamentos. Acabado o repasto, foi sentindo o corpo a inchar, a temperatura a subir, um desconforto geral a instalar-se. Quando chegou ao pequeno centro de saúde, praticamente não conseguia respirar. E enquanto esperava que o único médico de serviço terminasse um parto, caiu para o lado, inanimada. Voltou à vida, com uma injecção de adrenalina, numa cena a la Pulp Fiction, e encontrou a amiga e companheira de viagem em pranto, a medir as palavras com que iria contar à mãe de Sandra que a filha tinha morrido.

"Voltei feliz porque estava num lugar muito agradável", justifica, 15 anos depois do episódio. A descrição que faz do que sentiu enquanto esteve inanimada é comum a outras experiências ditas de quase-morte: uma sensação de bem-estar, um ambiente calmo e sereno, uma luz, a visão de uns vultos.

Apesar de controverso, o tema tem sido objecto de estudo e há já algumas publicações científicas que apresentam dados sobre o assunto. Num artigo publicado na revista International Emergency Nursing estima-se que 4 a 9 por cento das pessoas já terá vivido uma experiência do género, uma percentagem que sobe até aos 23% quando se trata de doentes em estado terminal. Mas o mesmo também pode acontecer a pessoas saudáveis, quando estão em perigo. "Em situações de saúde muito graves, sabe-se que são produzidas no organismo substâncias, as endorfinas, que são opióides, como a morfina,  e que quando se libertam dão uma enorme sensação de bem-estar. Está descrito que nas situações de quase-morte, ou mesmo de morte, estas substâncias podem ser libertadas em grande quantidade", explica Diogo Telles Correia, psiquiatra no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, e Professor da Faculdade de Medicina.



Por conta das endorfinas


No mais recente estudo publicado pela Universidade de Southhampton, o grupo do investigador Sam Parnia, que se dedica há anos ao assunto, conclui-se que uma pessoa se pode manter consciente até três minutos depois de o coração parar de bater, apesar de o cérebro normalmente se desligar 20 a 30 segundos depois da paragem cardíaca. Parnia avança ainda que as sensações associadas à quase-morte ocorrerão enquanto se está a perder ou a ganhar consciência. E que para elas há duas explicações possíveis: uma resposta fisiológica à percepção de que a vida está em perigo, que surge por acção das endorfinas, ou uma alucinação perante a iminência da morte. 

Para Tiago Reis Marques, psiquiatra e professor no Instituto de Psiquiatria do Kings College, em Londres, há sempre uma justificação fisiológica. "Todas as experiências que fogem ao nosso controlo assustam e levam-nos a procurar interpretações, mas há uma explicação científica, lógica, para cada um destes eventos. Mesmo do ponto de vista evolutivo, faz sentido que ocorra uma sensação de tranquilidade, pois permite que as pessoas mantenham a calma e tentem salvar-se de uma situação fatal, como num afogamento, por exemplo."

A visão de túnel, que também costuma ser descrita nestas experiências, pode ser explicada pela deficiente oxigenação do córtex visual, a zona do cérebro responsável pelo processamento da visão, que provoca um estreitamento do campo visual. "Acontece também, por exemplo, com os pilotos que voam a 4G ou 5G, onde a força gravítica impede a oxigenação adequada do cérebro", explica o investigador. "Já a sensação de estar fora do corpo surge em doenças psiquiátricas, e já foi replicada em laboratório pela estimulação cerebral da região temporo-parietal direita [no cérebro]."



Memória implantada


O conjunto de sensações é tão agradável que há quem procure induzi-la, por hipnose. Mário Simões, psiquiatra e professor de Ciências da Consciência, organiza workshops em que induz estes estados. "Criamos um cenário pacífico, de repouso. E as pessoas até ficam aborrecidas por voltar de lá", conta. Para o psiquiatra, através da hipnose não se faz mais do que ir buscar uma memória que todos nós temos implantada no cérebro. A sua tese é a de que "nascemos com um programa que nos permite dar um sentido a tudo isto, um sentimento de que a morte não é um fim. ?É uma memória atávica, que nasce connosco e é transversal a todos os povos, crenças e idades. Vem ao de cima quando a morte está iminente." Mas, segundo o próprio, é preciso acreditar para que ela surja.

"Só quem busca qualquer coisa é que consegue por esta memória em marcha. Nas pessoas que não acreditam que haja algo mais do que a matéria, nunca vem ao de cima." Depois de uma experiência de quase-morte, ninguém fica igual, relata Mário Simões. ?"A  pessoa vem transformada, tem um sentimento muito forte de contacto com o divino, como se sentisse o poder da cura."

Na vida do arquitecto José Trindade Chagas, 67 anos, há um antes e um depois do acidente que o deixou em coma. Uma queda numas obras mal sinalizadas, na zona do Cais do Sodré, em Lisboa, provocou-lhe uma fractura crânio-encefálica, várias vértebras partidas, e um estado de inconsciência que se prolongou por dias. Do coma, recorda uma escuridão cerrada, um frio intenso e uma solidão sem fim. "Morrer é qualquer coisa de muito penoso". No limiar da vida, José Trindade Chagas teve a percepção de que ia morrer e decidiu resistir. 'Quero viver', pensei. E, a partir daí, deixei de ver escuro e passei a ver umas sombras e umas manchas brancas. Pelo meio, ainda me apareceu um pastor solitário", relata.

"Sabe-se que, em múltiplas situações de doença orgânica, como infecções graves, doenças cardiológicas graves, estados pós cirúrgicos, etc., os pacientes podem apresentar, como consequência de múltiplas alterações que ocorrem no organismo, um quadro de perda de consciência, com desorientação no tempo e espaço, e desenvolvimento de delírios (ideias irracionais, não compreensíveis), que podem estar relacionadas com actividades que costumavam desenvolver, por exemplo", explica Diogo Telles Correia.

José Trindade Chagas dispensa as explicações. A sua recuperação demorou dois anos. Mas o acordar do coma foi o ponto de partida para uma nova vida. Concluiu a sua tese de doutoramento, teve uma filha e passou a dar outro valor aos aspectos mais simples do dia a dia. "Hoje tenho a consciência de como é bom estar vivo. Renasci." A sensação de que terá havido uma força divina a trazê-lo de volta fê-lo reaproximar-se da igreja e até a querer falar da sua vivência, para inspirar outros a apreciarem o que têm.

Em Sandra Caroço, a experiência de quase-morte também deixou uma forte recordação. Já lá vão 15 anos, mas a sensação permanece, forte e prazerosa. Uma reserva de um lugar feliz, a que recorre sempre que precisa.



Fonte: VISÃO



sábado, 23 de agosto de 2014

POR SI ACASO TE MUERES UN DÍA (Documental)



Un documental realizado por el Centro Nagual sobre la naturaleza del ser humano y el desarrollo de la conciencia. Toda la información sobre el documental y las actividades del centro nagual en www.porsiacasotemueresundia.com

Dirigido por Mariano Alameda con 12 entrevistas a maestros y especialistas de diferentes tradiciones de conocimiento: Oswaldo Bola (Chamanismo Andino-Amazónico), Stanislav Grof (Psiquiatría), Raymond Moody (Psiquiatría), Mónica Cavallé (filosofa), Ramiro Calle (Yoga), Saúl Martínez (Tantra), Dokushô Villalba Roshi (Budismo Zen), Evânia Reichert (Educación Infantil), Jose Miguel Gaona (Psiquiatría), Sergio Villoldo (Onirodinámica), Eric Rolf (la Medicina del Alma).


El documental cuenta con cuatro partes, que pretenden aclarar estos aspectos:

¿Qué es una crisis social y/o personal y como se sale de ella?
¿Cómo podemos educarnos y educar a los niños de la mejor manera posible?
¿Qué es la enfermedad y el sufrimiento y cuál es la mejor manera de curarlo?
¿Quiénes somos, qué hacemos aquí?






quarta-feira, 20 de agosto de 2014

LIFE AFTER LIFE (National Geographic International - Paranatural Documentary,2012)




O que acontece quando morremos? Existe vida após a morte? Será que a consciência sobrevive à morte física? Estas são algumas das perguntas mais desconcertantes conhecidas por nós.






sábado, 16 de agosto de 2014

Vivências em Peri-Morte ou Experiências de Quase Morte (EQMS), como Fenómeno de Expansão da Consciência!? (Dr.Manuel Domingos)

Psicologia Na Actualidade (Março 2014)


As EQMs podem ser integradas na ampla panóplia de fenómenos que consideramos como de expansão da Consciência. Acontecem, particularmente, em situações de paragem cardio-respiratória, acontecendo também em casos de coma e em pacientes anestesiados (menos frequente). Mais adiante voltaremos a esta ideia, quando abordarmos os aspectos dinâmicos deste fenómeno, a todos os títulos, intrigante e de fundamentos elucidativos ainda desconhecidos (apesar da pressa em os justificar fisiologicamente por parte de uma certa franja, fundamentalista, da comunidade científica, com medo que se descubra... bom, sei lá o quê.)

Esta situação é, quanto a nós, que partimos há cerca de 25 anos de uma posição céptica ao observarmos o primeiro caso, algo que hoje se apresenta como inquestionável do ponto de vista da sua veracidade. As explicações avançadas até ao momento, para fundamentar o seu aparecimento e dinâmica, afiguram-se (como deixámos antever no primeiro parágrafo) pouco consistentes e até algo forçadas. Referimo-nos não só às tentativas de fundamentação orgânico-mecanicistas (tantas vezes arrogantes e mergulhadas em “cadinhos de experimentação” animal não humana e, por isso, não extrapoláveis para a nossa espécie... neste contexto), mas também a toda uma panóplia de argumentos “ultra- espiritualistas” que não nos parecem satisfazer, minimamente, os critérios mínimos para que possamos chegar ao porquê das EQMs.

Na realidade, não sabemos o que se passa. Apenas podemos dizer que elas... SÃO! Por isso, e antes de avançarmos, recomendamos humildade, trabalho intenso, multi e interdisciplinaridade e total abertura ao Conhecimento, sem tabus ou “birras” porque temos à força que explicar, fisicamente ou espiritualmente, o fenómeno de modo forçado, para que não percamos o estatuto (mas qual estatuto?). Meus senhores e minhas senhoras, estimados leitores, o Saber não pode assentar numa “Feira de Vaidades” e assumir a ignorância sobre determinados factos não nos deve “beliscar o Ego”, nem provocar um catastrofismo de identidade intelectual. Afinal há tanto por conhecer, muito por descobrir e uma miríade de interrogações para reflectirmos e investigarmos, que se conhecêssemos tudo, cairíamos num “definir c’est finir” no pior dos sentidos. Por isso, vamos lá falar verdade e não ter problemas em dizer: EQMs? Existem sim mas não sabemos como se processam. Fenómeno estranho? Claro que sim. De contornos a roçar o esotérico (no sentido literal do termo)? Pois então (e não se assustem com a palavra que até vem no dicionário e que é, tão só e precisamente, o inverso de exotérico). Mas fascinante, muitas vezes regenerador do Eu que a “sofre” e, indiscutivelmente, um “apetite” para os investigadores, despretensiosos e não-fanáticos, da Consciência e dos seus Estados Alterados que, de uma forma tantas vezes a roçar a dedicação monástica (sem que isso signifique clausura), abraçam a pesquisa, respeitando o tema, com saudável, entrega, temor, dúvida, teimosia e coragem, enfrentando a tradicional “velharia do restelo” (retrato do, tradicional, atraso nacional e da, tenebrosa, mentalidade de “loby”) que ainda anda por aí e que gostava de condenar a uma ardente fogueira sócio-intelectual os que se atrevem a demandar.

Mas em que consiste tal fenómeno? Podíamos escrever dezenas de páginas sobre este aspecto mas o espaço concedido não nos permite tal. Por isso iremos abordar as manifestações das EQMs que consideramos nucleares, em termos de frequência e de impacto na pessoa.

Mas afinal, e retomando as ideias iniciais deste trabalho, o que se entende por EQM?

Para começar... nada do “outro mundo”.

Podemos conceptualizar o termo Experiência de Quase-Morte (EQM) como sendo um conjunto de senso-percepções com ou sem movimento associado, intensamente vivenciadas numa situação de Estado Alterado de Consciência. Estão, predominantemente, associadas a situações de morte clínica (paragem cardio-respiratória, mais ou menos prolongada, com traçados de ECG isoeléctricos), podendo também acontecer em pacientes anestesiados ou em estado de falência (não total) de determinados parâmetros orgânicos.


As pessoas que vivenciaram fenómeno, relatam, geralmente, uma série de factos comuns a uma larga percentagem de quem passou por tal. Temos, como mais frequentes:

1 Um estado de perplexidade por não entenderem, de imediato, a nova  "realidade" em que se encontram
2    um sentimento de paz interior;
3    a sensação de flutuar acima do seu corpo físico;
4    autoscopia
5    a percepção da presença de pessoas ou seres incorpóreos, à sua volta;
6    visão de 360o;
7   ampliação dos vários sentidos;

8  comunicação telepática;

9  a sensação de viajar através de um túnel intensamente iluminado no             fundo;

10 revivescência “relâmpago” dos, principais, factos da vida.

Devemos alertar os leitores para o fac­to de nem todas as vivências terem esta constelação de manifestações. Assim, nem sempre há a “visão” do (famoso) túnel ou os encontros com os “seres de luz” (curioso que até alguns pacientes agnósticos ou ateus, que acompanhei, assim se referiram a eles). Outro aspec­to importante a referir é que nem todas as EQMs são positivas (“visões fantas­magóricas” e ameaçadora), embora es­tas sejam uma minoria, não se sabendo o porquê de tais desvios do habitual. Certo é que, mesmo nestes casos, a ge­neralidade das pessoas, que observá­mos, referem mudanças positivas no seu quotidiano, para com os outros e para consigo mesmo. Mas, vejamos o que se passa, geralmente, após a vivência.


ALTERAÇÕES BIOPSICOSOCIAIS, PÓS EQM:

Na realidade, a maioria dos pacientes alteram, significativamente, a opinião que possuíam em relação a si e ao mundo que os rodeia.

As mudanças comportamentais são (como foi referido), regra geral, significativamente positivas. O principal factor para as alterações de atitudes poderá ser a perda do medo da morte (tanatofobia) ou mesmo a convicção, adquirida, de que essa transição vital não existe.

Passam, pois, a valorizar mais as suas vidas e a dos outros; reavaliam os seus valores, éticos e as prioridades “habituais”; tornam-se mais serenos, confiantes e solidários.

Mas não ficam por aqui as modificações do “Eu” pós-EQM. Assim, não é raro serem relatadas aquisições do que poderemos chamar faculdades hiper-psicofisio-lógicas (termo que nos veio à ideia para não usarmos... parapsicológicos, palavra que tanta “urticária” causa aos nossos positivistas mas que faz parte do vocabulário, quotidiano, de investigadores em áreas tão diversas como as neurociências, psicologia, antropologia, física quântica ou teologia, que descomplexada e empenhadamente se debruçam sobre os mistérios da Consciência por esse mundo fora, incluindo Portugal... embora aqui em número, ainda, reduzido.


Essas faculdades distribuem-se por 3 categorias:

1 Psi-Kapa − telecinése (movimento).

2 Psi-Gama − clarividência, telepatia, precognição.

3 Psi-Teta − multi-dimensionalidade do “Eu” (onde poderemos inserir as EQMs, até que novos dados, fundamentados de modo sólido e inequívoco, nos façam rever esta posição).



E, como se explicam as EQMs?

Em nossa opinião, e não só, frise-se bem que não há (de momento) nenhuma explicação satisfatória que nos leve a “embandeirar em arco” e a dizer que redescobrimos a pólvora. Nada disso. Apenas afirmamos que existem e que os que as vivenciam (analfabetos, doutorados, crentes, ateus...) as descrevem como reais e, tantas vezes saudavelmente, modificadoras da sua estrutura bio-psico-social de base (como já referimos). Também afirmamos que não são fenómenos patológicos apesar de se poderem manifestar em pessoas psicologicamente alteradas, claro. Mas a grande maioria foge a essa norma. Os relatos são, na maioria dos casos, bem estruturados e com sequência lógica. Nada que se assemelhe com alucinações ou dissociações, como defendem muitos investigadores apressados em explicar a “pura e dura” mecânico-dinâmica do fenómeno (porventura com medo de um dia correrem o risco de terem que admitir que a mente é bem mais do que um produto do, exclusivo, encéfalo, sem pôr em causa o papel relevante, desta nobre estrutura, na dinâmica da Psykê).

Muito nos “perderíamos” em considerações que dariam um livro ou quase mas, com já referimos anteriormente, não há “espaço gráfico” que nos permita estender a prosa. Só mais alguns considerandos. Primeiro, e isto é fundamental, existem milhões de relatos, por esse mundo fora, que se sobrepõem em termos de semelhança descritiva (não acredito que, apesar da proliferação, dos meios de comunicação onde insiro as redes sociais, as pessoas se ponham num qualquer facebook ou similar a combinarem umas com as outras dizerem que viram o bisavô quando estiveram “mortas” só para espalhar a confusão, irritarem os cientifico-positivistas ou encherem de gaudio os ultra-espiritualistas). Segundo, e digo-o mais uma vez e de forma veemente, essas pessoas (crianças, adultos, idosos) não mentem, até porque muitas delas nem sonhavam com a confrontação de tal cenário, de que nunca tinham ouvido falar. Terceiro, admito (tal como tantos outros estudiosos do fenómeno) que as descrições são contaminadas pelo contexto sócio-cultural e até religioso (ou não) em que as pessoas estão inseridas; mas tal não tira, qualquer, legitimidade à essência das EQMs.

Reportando-me a uma situação particular que são as EQMs em cegos de nascença não entendo como alguns cientistas, ou meros leitores da literatura sobre o fenómeno que nunca passaram pelo contacto com quem teve a vivência ou pesquisaram “ao vivo” fosse o que fosse, podem (por exemplo) afirmar que a explicação assenta numa actividade residual da visão para explicar o “túnel”. Disse...cegos de nascença que têm EQMs sobreponíveis aos que possuem uma visão normal. Como diria o saudoso Fernando Pessa: “E esta hein?"

Portanto, e finalizando esta prosa polémica acerca de um assunto ainda mais polémico, diremos que há muito para palmilhar com a tal persistência, abertura e humildade. Se assim se fizer, todos ganharemos independentemente do que, no final, se venha a apurar. Ninguém vence, ninguém perde; todos seremos beneficiados com a melhoria do Conhecimento do “Eu interior” e dos seus mistérios, banhado que está nessa grande bolha que é a inefável Consciência. Ora, já me esquecia as EQMs não provam (nem deixam de provar) que haja vida para além da morte. Afirmar ou aventar isso com base nas ditas seria um erro de palmatória. Serão, na nossa modesta opinião, sublimes fenómenos dinâmicos da expansão da nossa Consciência, que acontecem em determinado “contexto vital”.

Tudo o que se disser, agora e nos tempos que se seguirão, em jeito de afirmação peremptória será mais especulativo do que a própria especulação e, em certa medida, uma forma de fuga para a frente afim de não se perder o tal estatuto de sabedoria. E, terminando, volto a perguntar: qual estatuto? Para quê um estatuto? Convençamo-nos que estamos aqui para conhecer, mesmo que isso implique desconhecer, e ajudar o próximo numa entrega total. Por isso seria bom, como fazem os nossos colegas estrangeiros, criar consultas de atendimento a quem passa por EQMs. Não para tratar nenhuma disfunção (na maioria dos casos), mas para orientar quando existe perplexidade sobre o que se passou e/ ou se irá passar a seguir.



Manuel Domingos

- Coordenador da Unidade de Neuropsicologia do Centro Hospitalar de Lisboa
- Professor da Universidade Lusíada de Lisboa




sábado, 2 de agosto de 2014

VIDA DESPUES DE LA VIDA (4) − La Reencarnación (Documental completo, 1996)





Miles de personas han revivido supuestas experiencias en vidas anteriores, ya sea mediante regresión hipnótica o bien de forma espontánea. En muchos de estos casos han facilitado informaciones muy precisas cuya veracidad luego ha podido ser confirmada. Pero ¿significa esto que realmente existe la reencarnación?, ¿qué parte de nosotros seria lo que se reencarna?, ¿cómo se traspasarían esos recuerdos de una vida a otra? y ¿por qué no guardaríamos memoria de nuestras vivencias pasadas? 

Pese a que hay razones para el escepticismo, durante milenios casi dos tercios de la humanidad creyeron en alguna forma de reencarnación, aún hoy muchos piensan que esta creencia es la única que nos permitiría entender muchas injusticias aparentes y hay científicos que defienden esta teoría o al menos consideran demostrados sus efectos curativos.

En el presente video último de esta serie les presentamos diversos testimonios y opiniones de especialistas, que enumeran razones fovorables y contrarias a esta idea. Y, finalmente, abordamos las conclusiones a las que conduce esta fascinante investigación sobre las evidencias relacionadas con una supervivencia después de la muerte.



VIDA DESPUES DE LA VIDA (3) − Contactos Con el Más Alla (Documental completo, 1996)




Espíritus de personas muertas que se manifiestan para despedirse de sus seres queridos. Experiencias poranormales casas encantadas, poltergeist, debidas a difuntos que siguen apegados al lugar donde fallecieron. Indícios que señalan la posible existencia de un período entre vidas y una posterior reencarnación.

Este 3º video le presenta el testimonio vivo de distintos casos seleccionados entre miles por su credibilidad. También incluye entrevistas con los estudiosos de estos fenómenos, que nos permiten conocer la opinión cualificada de psiquiatras, psicólogos, parapsicólogos y teólogos sobre la posibilidad de los contactos entre los vivos y los muertos, entre este mundo y la enigmática dimensión que nos aguarda cuando llega la hora de traspasar el umbral que separa esta vida de otra aventura ignorada.

¿Qué hay tras esa puerta que todos debemos abrir un dia? ¿Nos espera un universo diferente? ¿Nos reencarnaremos para volver a tener otra existencia en este mundo o en otro?...

Este video o tercero de la serie, le ofrece una exploración documentada y seria para que usted juzgue por si mismo cuál puede ser la respuesta a esta cuestión apasionante y abierta al debate.





sexta-feira, 25 de julho de 2014

VIDA DESPUES DE LA VIDA (2) − Visiones del Cielo y del Infierno (Documental completo, 1996)





Los testimonios de quienes han tenido una Experiencia Cercana a la Muerte (ECM) coinciden en mencionar un umbral, un túnel o una puerta. Pero ¿qué hay más allá de esta entrada que señala la frontera entre la existencia terrenal y lo desconocido?

Algunos confiesan no haber visto nada, pero saben desde entonces que hay un después y nada que temer. Otros declaran haber vislumbrado una imagen: una luz radiante, un árbol dorado o un paisaje paradisiaco. Tampoco faltan quienes describen con todo detalle haber estado en un jardin de indescriptible belleza y armonia, en el cual vibra una música celestial.

Pero la investigación también ha recogido testimonios de experiencias aterradoras, con visiones infernales de pesadilla... 

¿Oué sucede realmente tras el final de la vida? ¿Estamos ante alucinaciones producidas por un cerebro en estado terminal o acaso éste detecta una realidad desconocida que existe con independencia del cuerpo material?...

Este segundo documental de la serie describe varios testimonios de ECMs, recaba la opinión de los expertos, entrevista a sacerdotes cristianos, monjes budistas y creyentes del Islam, para poner a disposición de los lectores de AÑO/CERO los elementos de juicio que les permitan profundizar en busca de la respuesta o una pregunta que nadie vivo deja de hacerse: ¿qué nos espero más allá de esa Puerta que todos deberemos abrir al final de nuestra aventura?





sábado, 19 de julho de 2014

VIDA DESPUES DE LA VIDA (1) − Experiencias en el Umbral de la Muerte (Documental completo, 1996)






"¿Hay vida después de la vida?  Con este video (que es el primero de cuatro documentales de la serie “Vida después de la vida”, de Año Cero), iniciamos la serie que investiga con rigor las posibles respuestas a una pregunta que nadie deja de hacerse. 

Las Experiencias Cercanas a la Muerte (ECM) son el punto de partida de esta pesquisa. Personas que estuvieron clínicamente muertas − algunas sin actividad cerebral −, pero regresaron a la existencia, comentan unas vivências que se repiten:  la visión de sus propios cuerpos en la cama o el quirófano, el famoso túnnel,  el encuentro con seres queridos ya fallecidos,  extrañas y amistosas presencias, una luz viviente...

Esta investigación incluye testimonios de adultos y de niños, relatos de familiares que nos hablan de la muerte definitiva de un hijo, opiniones de médicos e investigadores escépticos que buscan explicaciones materialistas y la de otros estudiosos abiertos a la posibilidad de sobrevivir a la muerte.

¿Estamos únicamente ante la actividad final del cerebro o frente a la visión de un más allá que nos espera?

¿Hay un antes y un después de la muerte? 

¿Existen los paraísos? 

Seguramente en los testimonios que le aportamos hallará un material idóneo para juzgar por sí mismo y elaborar su propia respuesta."

 Clique na imagem para  ver online 




quarta-feira, 25 de junho de 2014

APAGAR A MORTE − Dr. Sam Parnia com Josh Young

1ª Edição, Outubro de 2013



Traduzido de: Erasing Death − The Science That is Rewriting the Boundaries Between Life and Death, Nova Iorque, HarperOne, 2013. Edição portuguesa by Editora Pergaminho, uma chancela da Bertrand Editora, Lda.  www.pergaminho.pt


“As descobertas científicas mais recentes têm vindo a criar uma mudança que vem abalar a nossa compreensão da morte − desafiando as nossas percepções da morte como absolutamente implacável e final −, tendo tornado, por isso, ultrapassadas e antiquadas muitas das nossas visões mais arreigadas em relação a ela. A medicina está a tornar inteiramente plausíveis resultados anteriormente impensáveis. Poderemos em breve vir a tirar pessoas das garras da morte, ao fim de algumas horas ou muito mais tempo após terem morrido.

Porém, ao encontrar novas maneiras de salvar vidas, estamos também inadvertidamente a descobrir novas formas de investigar e responder a questões fundamentais sobre o que acontece à consciência humana, ao que podemos chamar a mente, o "ego" ou, inclusivamente, a "alma" no pós-morte − questões que, até recentemente, eram tidas por assuntos mais adequados à teologia, à filosofia ou mesmo à ficção cientifica.”

Ao contrário do que vulgarmente se acredita, a morte não é um momento único; não é algo que ocorra irreversivelmente quando o coração deixa de bater ou a respiração ou a função cerebral cessam. A morte é um processo longo e complexo − um processo que pode ser interrompido ou revertido. Em Apagar a Morte, o Dr. Sam Parnia apresenta os resultados da mais recente investigação no campo dos cuidados intensivos e da ressuscitação. Estas descobertas têm permitido aos médicos reverter o processo de morte em muitos pacientes, mas também têm levantado questões pertinentes sobre a natureza da consciência. O debate destas questões permitirá, finalmente, começar a esclarecer a questão que acompanha a humanidade há milénios: o que nos acontece quando morremos e após a morte? 



Índice
1. Há Coisas Surpreendentes a Acontecer Aqui 7
2. Um Pequeno Passo para o Homem, Um Salto Gigantesco para a Humanidade 23
3. A Fórmula da Vida 39
4. Reverter a Morte 57
5. A Órfã 89
6. Como é Morrer 121
7. O Elefante no Escuro 145
8. Compreender o Ego: Cérebro, Alma e Consciência 175
9. O Pós-Vida Que Conhecemos 197
10.O Estudo AWARE 219
11.O Que Significa Tudo Isto? 253
Agradecimentos 287
Colaboradores do Estudo AWARE 289
Bibliografia e Outros Recursos de Leitura 291



O DR. SAM PARNIA é um dos maiores especialistas mundiais no estudo da morte enquanto fenómeno científico. Dirige o Estudo AWARE, uma colaboração internacional de cientistas e médicos dedicada ao estudo do cérebro e da consciência humana durante a morte clínica. Trabalha com diversos hospitais e universidades nos EUA e em Inglaterra, como a Faculdade de Medicina da Universidade de Stony Brook, o Centro Médico WeiU Cornell de Nova Iorque e a Faculdade de Medicina da Universidade de Southampton. 



segunda-feira, 23 de junho de 2014

"ELES MORRERAM E VOLTARAM DE NOVO PARA CONTAR COMO FOI" (biography channel 2010)

O que é a morte? O que são Experiências de Quase-Morte? O que dizem os médicos? Que evidências apontam para outra realidade? O que dizer dos invisuais que depois de passarem pela experiência falam de tudo o que observaram, surpreendendo os médicos com a exactidão dos pormenores? “Eles Morreram e Voltaram de Novo Para Contar Como Foi”, um documentário produzido pelo biography channel em 2010, mostra-nos o testemunho daqueles que passaram por uma EQM.



Este vídeo encontra-se no Dailymotion e pode ser visto AQUI


segunda-feira, 16 de junho de 2014

EXISTIRÁ VIDA DEPOIS DA MORTE? (Is There Life After Death?)





 Apresentada por Morgan Freeman, a série "Through the Wormhole" explora os mistérios mais profundos da existência − as perguntas que intrigam a humanidade desde o seu surgimento. Do que somos feitos? O que havia antes do princípio? Estamos realmente sós? Existe um criador? Tais indagações foram objeto de análise das mentes mais brilhantes da humanidade. Hoje, a ciência evoluiu ao ponto onde fatos e evidências concretas podem ser capazes de nos fornecer as respostas.

 Neste episódio, que iniciava a segunda temporada em 2011: “Is There Life After Death?”, Morgan Freeman aprofunda a questão que intriga o ser humano desde o princípio dos tempos: Existe vida após a morte?

 A Física moderna e a neurociência estão a aventurar-se em território outrora sagrado, e a mudar  radicalmente as nossas ideias acerca da vida após a morte. Freeman age como condutor deste debate polarizado, no qual cientistas e espiritualistas tentam definir o que é a consciência, enquanto a moderna mecânica quântica parece fornecer a resposta para o que acontece quando morremos.







sábado, 14 de junho de 2014

EXPERIÊNCIAS DE QUASE-MORTE RELATADAS NO Dr. Oz Show



As experiências perto da morte constituem a melhor evidencia, do ponto de vista cientifico, da realidade da alma humana e da sua sobrevivência depois da morte biológica.




terça-feira, 10 de junho de 2014

EXPERIÊNCIAS DE QUASE-MORTE por Manuel Domingos

1ª Edição Nov. 2008


“Dezenas de portugueses penetraram no “outro lado da vida” e narraram aos autores deste livro as suas impressionantes experiências de Quase-Morte. Vivências transformadoras que nos suscitam a reflexão sobre o verdadeiro sentido da vida e a grande pergunta: Que “portas” abrirá a morte à nossa consciência? Uma coisa é certa: Em termos científicos, já não se pode afirmar que a mente e a consciência dependem do cérebro e do corpo físico para permanecerem vivas e em pleno funcionamento.”

“O cérebro recebe a consciência, mas não a produz.” Pim Van Lommel (Cardiologista holandês, cientista de referência no estudo das EQMs e que participa neste livro.)


ÍNDICE

Os AUTORES 9
PREFÁCIO, por Mário Simões 11
PRÓLOGO 15

Iª PARTE − TESTEMUNHOS 19

NOTA INTRODUTÓRIA 21
“Flutuava pela sala de operações”    31
“Há uma dúvida” 35
O homem que visitou o Céu 39
Uma vida, três experiências 41
“Um outro eu a sair de mim”             47
“É um estar de tranquilidade” 50
O Inferno e o Paraíso 57
“Vi coisas maravilhosas” 64
“Nunca vivi uma coisa igual”             66
A luz do caminho 67
“É aqui a minha missão” 70
Um túnel branco 73
A alegria de voltar a casa 76
O filme da vida 80
Cruzamentos de luz   85
“Não sei se foi um sonho” 89
“A minha mãe pôs-me no mundo duas vezes” 90
“Vi-me a mim mesmo” 93
As EQMs EM PESSOAS CEGAS 97
TESTEMUNHO DE UM MÉDICO 104
EQMs DE PERSONALIDADES 107
EMQs DE PERSONALIDADES DE HOLLYWOOD 108
Donald Sutherland 108
Elizabeth Taylor I09
Jane Seymour 111
Larry Hagman 113
Peter Sellers 114
Robert Pastorelli 115
Sharon Stone 117
EQMs DE PERSONALIDADES PORTUGUESAS 119
José Cardoso Pires 119
Adalberto Alves 129
Dalila Lello Pereira da Costa 133
Fernando Dacosta 134
Isabel Wolmar 141
Margarida Rebelo Pinto 150
Maya 159

IIª PARTE − CIÊNCIA 163

A TEORIA DAS EXPERIÊNCIAS DE QUASE-MORTE, por Manuel Domingos 165
CIENTIFICISMO E RELIGIÃO DOGMÁTICOS, por Charles T. Tart 198
SOBRE A CONTINUIDADE DA NOSSA CONSCIÊNCIA, por Pim van Lommel 201
ENTREVISTA A PIM VAN LOMMEL, por Paulo Alexandre Loução 233
ENTRE A CIÊNCIA E A TRADIÇÃO 239

IIIª PARTE − TRADIÇÃO 271

A SABEDORIA VIVA DAS ANTIGAS CULTURAS E AS EXPERIÊNCIAS DE QUASE-MORTE, por Paulo Alexandre Loução 273
O MITO DE ER de Platão 303
O SONHO DE CIPIÃO de Cícero 314

ANEXO 329

EXPERIÊNCIAS DE QUASE-MORTE EM SOBREVIVENTES DE PARAGEM CARDÍACA: UM ESTUDO PROSPECTIVO NA HOLANDA, por Pim van Lommel 331
CRÉDITOS FOTOGRÁFICOS 351

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PREFÁCIO

Por Mário Simões

(Professor Agregado de Psiquiatria e de Ciências da Consciência da Faculdade de Medicina de Lisboa)


 Recordo-me da primeira vez que ouvi falar das Experiências de Quase-Morte (EQM). Encontrava-me em Cambridge, no ano de 1992, numa conferência do Scientific and Medical Network. Peter Fenwick (neuropsiquiatra e neurofisiologista) apresentava os seus estudos sobre as EQM. Fiquei impressionado pela quantidade de dados que atestavam vários aspectos e que o decorrer do tempo só veio sedimentar: 1. Que o cérebro humano não funciona durante uma paragem cardíaca 2. Que a mente e a consciência podem continuar a funcionar durante aquele período 3. Que independentemente da etnia, local geográfico, dados epidemiológicos, idade, sexo ou época temporal as descrições de EQM, eram, na sua essência, sempre as mesmas. Nessa sequência, interessei-me pelo tema e não só vim a publicar um artigo de revisão sobre o tema como comecei a recolher casos que surgiam na minha consulta, participei em mesas redondas (uma delas, televisiva, com Cardoso Pires) e entusiasmado com as possibilidades da hipnose clínica, idealizei uma workshop sob hipnose, em que seria possível “vivenciar a sua morte”, melhor, uma EQM. Nestas vivências, em estado modificado de consciência, a realidade é a decorrente do estado e os sujeitos sentiram a realidade da EQM de tal modo que muitos se sentiram “zangados por os trazer de volta”, tal era o bem-estar que experienciaram.

 Parece, pois, que explicações remetendo apenas para explicações reducionistas das EQM, como sendo o resultado de alterações físicas e químicas do cérebro, não é suficiente, a menos que se admita que a auto-sugestão (a hipnose é auto-hipnose) é susceptível de promover aquelas alterações. Na realidade, alpinistas, que caindo de grande altura, na neve, pensaram que iam morrer, também relataram EQM. O problema torna-se mais complexo tendo em conta os dados acima referidos. Estaremos então a lidar com um fenómeno da consciência e esta seria uma instância subtil, independente no todo ou em parte do cérebro? Poderá tratar-se de um programa com o qual nascemos, que é “disparado” sempre que nos encontremos numa situação de quase morte real ou imaginada? Seria um “engrama” para nos recordar a “origem divina” da nossa essência, como muitas pessoas referem e os adeptos das teorias transcendentais tanto defendem?

 Uma tese de mestrado elaborada e publicada em Portugal, por Maria de Fátima Dias demonstrou a existência de “experiências subjectivas em coma”, que na sua maioria foram desagradáveis, tal como acontece em algumas EQM, provavelmente por se tratar de pacientes de traumatismos vários numa unidade de cuidados intensivos. Para acrescentar à complexidade do fenómeno refira-se que indivíduos cegos também relataram EQMs. Certo também, é que a maioria dos que experienciaram uma EQM mudaram a sua atitude geral na vida, com maior respeito pela vida em geral, com maior compaixão, como se tivessem sido “iniciados” num conhecimento teleológico, que os remete para o “amor divino incondicional”, que referem. Diga-se que enfrentar a morte, qualquer que seja a situação, não induz automaticamente uma EQM e as consequentes mudanças apontadas, e a investigação mostra que nem todos os que sofreram um ataque cardíaco mudam as suas atitudes na vida. Um outro aspecto interessante é o das revisões panorâmicas de vida, nas quais o indivíduo percebe, num auto julgamento, que todo o sofrimento que infligiu a animais ou outras pessoas é experienciado como seu.

 Um livro relativamente recente traz mais um contributo para este tema: DMT, The Spirit Molecule, de Rick Strassman. A Dimetil triptamina, um dos mais potentes psicadélicos derivados de uma planta, é também produzida pelo cérebro, mais precisamente pela glândula pineal. A injecção deste químico produz consistentemente EQMs, experiências místicas e, inesperadamente, encontros de 3° grau com alienígenas. Esta última situação é, curiosamente, referida por Isabel Wolmar na sua EQM. Terá a sua produção, pela pineal, em determinadas circunstâncias, os mesmos resultados? Já os hindus consideravam a pineal como o local do 7° chacra e Descartes como sendo o “sítio” da alma. Parece, pois, no estado actual da ciência e sem envolver uma explicação causal definitiva, que existem correlatos entre os estados vivenciais e psicofisiologias específicas.

 Encontramo-nos num ponto em que podemos concluir que nenhuma das teorias actuais, organicistas, psicológicas ou transcendentais, por si só, explica as EQM. Os autores deste livro dão um contributo corajoso, atendendo aos interesses científicos actuais, para o conhecimento de uma vivência que apetece desejar que seja mais frequente na Humanidade. 

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PRÓLOGO

Por Paulo Alexandre Loução (Historiador e filósofo)

 A ideia deste livro perseguia-nos há anos. Surgiu no ano de 1991 com a leitura no Figaro Magazine de um interessante artigo da jornalista Véronique Grousset sobre as novas fronteiras da ciência, o qual abordava as experiências de quase-morte como um facto que colocava em causa o paradigma vigente de que a consciência humana dependia do cérebro. Já tínhamos lido o livro de Raymond Moody, mas o texto do Figaro Magazine despertou em nós a perspectiva de abordagem para um tema que pode dar um grande contributo ao avanço da ciência no sentido de se abrir a novas realidades preservando o seu método, uma das grandes conquistas da Humanidade. O artigo de Véronique Grousset tinha sido escrito no contexto do colóquio internacional “Ciência para o Amanhã: um outro olhar sobre o Homem e o Mundo”, que decorreu na Sorbonne, em Paris, no mês de Fevereiro daquele ano. Vale a pena citar em excerto: “O pensamento não se reduz às moléculas. Não se pode localizá-lo no cérebro, e nada indica que seja produzido pelos neurónios. Sem dúvida, muito perturbador também, é o facto de 10% das vítimas de Experiências de Quase-Morte, reconduzidas à vida após a paragem do cérebro, afirmarem terem tido "percepções" (visuais, inteligentes ou auditivas; aliás, quase sempre idênticas) que sugerem que a consciência pode funcionar sem o cérebro, privada de todo o suporte molecular.”

 Resumindo: as "informações biológicas" parecem poder circular não só graças às moléculas, mas também entre elas, sobre um 'suporte' do qual nada se sabe. É, pois, importante pretender conhecer o 'todo' (quer dizer o ser humano) visto que se ignora a composição da soma das suas partes (…).”

 É essa demanda pelo conhecimento abrangente da Vida e do Ser Humano que nos anima, uma procura que, a nosso ver, terá, necessariamente, que ser transdisciplinar, científica e filosófica. Como o nosso trabalho de pesquisa se centra acima de tudo nas áreas da filosofia, história, matemática sagrada e antropologia do imaginário, considerámos que seria essencial escrever um livro desta índole em cooperação com um especialista idóneo na área da medicina, para que não resultassem dúvidas nem amadorismos nos enfoques sobre a relação entre cérebro, mente e consciência, que sempre considerámos entidades distintas.

 Foi no lançamento da nossa obra Lugares Mágicos de Portugal e Espanha que tivemos o prazer de conhecer o Prof. Dr. Manuel Domingos, e logo desde o primeiro minuto mostrou entusiasmo em participar neste projecto. O Prof. Doutor Joaquim Fernandes já me tinha falado dos estudos do neuropsicólogo Manuel Domingos sobre as EQMs, considerando-o em Portugal o investigador que mais casos tinha estudado. Na verdade, nas últimas décadas conheceu directamente no âmbito da sua profissão várias dezenas de casos, suficientes para formular a sua perspectiva. Tal como para Pim van Lommel, era (e continua a ser) para ele claro que não há uma explicação exclusivamente física para o fenómeno das EQMs.

 Fizemos o plano do livro. Uma primeira parte com testemunhos tanto de pessoas anónimas como de personalidades, estrangeiras e portuguesas. Uma segunda parte com textos científicos. E uma terceira parte que transmitisse uma síntese da visão das culturas antigas sobre o tema da morte e dos estados modificados de consciência.

 Convidámos a Dra. Patrícia Costa Dias, jornalista, para coordenar a primeira parte. Com a supervisão científica do Prof. Manuel Domingos e todo o seu profissionalismo recolheu 24 testemunhos em poucos meses. Nós próprios assistimos a algumas entrevistas e verificámos o quão importante e transformadoras são estas experiências para grande parte das pessoas. Era algo real, objectivo, e não produto da fantasia ou alucinação, precisamente como o próprio Carl Gustav Jung descreve a sua EQM, “algo totalmente objectivo” (ver pág.295).

 Na segunda parte, dedicada aos textos de índole científica, para além do artigo do Prof. Manuel Domingos, que coordenou esta secção, tivemos o privilégio de entrevistar Pim van Lommel, um cardiologista e cientista, que realizou um magnífico estudo prospectivo na Holanda, cuja síntese foi publicada  na Lancet, prestigiada revista de Medicina, e que reproduzimos em anexo. Também publicamos outro interessante artigo deste médico holandês e uma conversa entre nós e Manuel Domingos intitulada “Entre a Ciência e a Tradição”.

 Na terceira parte, publicamos um artigo nosso sobre a sabedoria viva das antigas culturas e as EQMs, e dois textos clássicos de referência sobre o tema, “O Mito de Er” de Platão e “O Sonho de Cipião” de Cícero. Agradecemos desde já as traduções directas para português do grego e do latim da autoria da Dra. Helena Gouveia e do Prof. Doutor Ricardo da Costa.

 Estamos convictos que com estas três partes, que se intercomunicam entre si, divulgamos junto do público português a realidade efectiva das EQMs, a qual nos propõe a reflexão sobre a possível realidade de um “outro lado da vida” e a possível continuação da existência da mente e da consciência depois da morte do corpo físico.

 De algum modo, fomos formatados na existência do tabu sobre o tema da morte. É o momento da ciência e da filosofia olharem novamente, sem preconceitos, para esse fenómeno não escamoteável da vida humana. Talvez nessa demanda possamos encontrar pistas para reencontrar finalidades mais duradouras e consistentes de que as propostas de efémero e de superficialidade da actual sociedade de consumo.     

 Este foi um trabalho colectivo, pelo que são muitos os agradecimentos a fazer. Ao Dr. Pim van Lommel pela sua simpatia e abertura em participar no nosso projecto; ao Professor Doutor Nuno Grande, pelo seu testemunho enquanto médico; à Dra. Margarida Casimiro, vice-presidente da ALUBRAT (Associação Luso-Brasileira de Psicologia Transpessoal) que colaborou desde o início, e ao Prof. Doutor Vítor Rodrigues, presidente da ALUBRAT, que proporcionou o lançamento oficial deste livro integrado no congresso científico daquela associação em Évora, em Novembro de 2008. Agradecemos muito à Dra. Carla Cavaleiro, doutoranda em neuropsicologia, pela sua generosidade em realizar as entrevistas na região de Coimbra e à Dra. Teresa Beirão, Dra. Maria do Sameiro Barroso, Dra. Paula Aguiar e D. Lurdes Feio, no apoio que deram para encontrarmos testemunhos. Neste contexto, um forte abraço amigo à actriz Paula Luiz e à Dra. Sandra Neves da Silva.

 Agradecemos a todas as personalidades portuguesas que tiveram a coragem e a generosidade de prestar o seu testemunho, ao nosso querido amigo, poeta, ensaísta e arabista, Adalberto Alves, à querida sibila da cultura portuguesa, como lhe chamamos, a escritora Dalila Lello Pereira da Costa, ao escritor e jornalista Fernando Dacosta, à histórica profissional da RTP Isabel Wolmar, à escritora Margarida Rebelo Pinto, e à apresentadora de televisão Maya.

 Agradecemos do fundo do coração a todos os outros relatos, absolutamente imprescindíveis, para que este projecto pudesse ser concretizado. Não podemos deixar de enviar de enviar uma saudação muito especial à D. Maria Manuela Jesus da Silva que também nos deu o seu testemunho e nos recordou o saudoso general Mário Jesus da Silva, autor da obra O Sortilégio da Cobra e verdadeiro aristocrata de coração.

 Obviamente, também agradecemos a colaboração do Prof. Doutor Mário Simões, também um pioneiro no estudo das EQMs em Portugal, que muito nos honrou com o seu prefácio. 

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Este livro pode actualmente ser adquirido na FNAC Online em http://www.fnac.pt/Experiencias-de-Quase-Morte-Manuel-Domingos/a239328